Valéria Gurgel
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OSCILAÇÕES DA ANSIEDADE ENTEDIADA

OSCILAÇÕES DA ANSIEDADE ENTEDIADA

Valéria A Gurgel 

A Terra é dinâmica. Logo, estamos inseridos em um globo que gira em torno de seu eixo, a chamada rotação. E que ela também se dá voltas em torno do Sol, a translação, oscilando entre o dia e a noite, por sabe-se lá quantas e quantas milhares de vezes em sua existência planetária no universo.

 

Isso já é fato comprovado, embora por séculos foi motivo de sérias perseguições e dissensões, intrigas, condenações e sentenças de morte para quem discordasse. Havia outras concepções infundadas e controversas que não podiam ser difundidas ou sequer discutidas.

 

Então, hoje, querermos acreditar que possamos ser seres estáticos em um mundo em constante movimento, é algo completamente inadmissível.

Sim, oscilamos! Logo entendemos que graças a isso somos seres mutáveis e propensos a evolução. Mas, também ao retrocesso, lamentavelmente. Nunca estamos quietos, parados, seja a mente ou o corpo.

 

Sabemos que essas oscilações fazem parte do viver. Um dia mais animado outro nem tanto. Uma hora caminhando, pedalando, correndo, outra em repouso absoluto. Um momento mais reflexivo e introspectivo, outras vezes mais soltos e dispersos.

 

Oscilamos entre o medo e coragem, a resignação e a revolta, a tristeza e a alegria, o prazer e o descontentamento, a satisfação e a insatisfação, a leveza e a rigidez. As perdas e ganhos, a ignorância e o saber. Porém, o grande perigo que ronda a humanidade está na oscilação que permeia a ansiedade em ter e o tédio ao possuir!

 

Parece patética essa expressão, mas não é.

São inúmeras as vezes que nos vemos em situações assim e sequer nos damos conta dessa realidade perigosa e tão cotidiana atualmente.

 

O chamado mal do século é a tal da ansiedade que nos retira o presente, o que temos de real em nossas mãos e nos transporta para um tempo irreal, fictício, o futuro, que foge de nossas mãos, de nossos dedos, de nosso controle.

 

Isso vale para as sensações que vibram no estado emocional, das lembranças e das projeções futuristas, à vontade incontrolável de se ter e quase que imediatamente a perda total do interesse, ao possuir.

 

A ansiedade em ter é tamanha que nos faz escravos dos desejos, das necessidades tantas e quantas vezes nem tão necessárias ou úteis assim.

 

E logo, vem o tédio. Porque ao se possuir algo, simplesmente por essa ânsia do ter, esse algo, fruto de uma mera vaidade, que serve apenas de adereço para enfeitar o nosso ego, perde imediatamente a razão de ser. A graça, o entusiasmo e o que se conquistou, se adquiriu, já perde instantaneamente o seu valor.

 

Entramos outra vez no mesmo processo da ansiedade de ter e outra vez caímos no mesmo processo, entediados por já termos possuído.

O terrível dessa enfermidade do século é que esse processo vicioso e perigoso também acontece nas relações afetivas.

 

Continuamos exercendo a mentalidade escravagista, que vai coisificando os seres vivos para poder possuí-los e escravizá-los ao nosso bel prazer .

 

Como já nos relatava Arthur Schopenhauer: “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.

 

E enquanto não conhecermos o valor consciente do já basta, do que nos é estritamente necessário, aprendermos a agradecer, caminharemos com a mesma ilusão dos caranguejos na praia. Um verdadeiro dinamismo estático.

 

O mito de Penélope se repete. Num movimento involutivo que não chega a lugar nenhum.

São essas, as oscilações da ansiedade entediada.

@valeriacristinagurgel 

www.valleriagurgel.com 

Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 29/04/2025
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