Valéria Cristina Gurgel
Há quem acredita que os verbos ouvir e escutar são sinônimos.No dicionário pode ser que sim, mas, na prática não.
Muitos ouvem, poucos verdadeiramente escutam!
Porque escutar, requer prática, atenção, paciência, vontade, boa vontade. A escuta é uma elegância. Um gesto nobre que vamos adquirindo no dia a dia, lapidando-se dentro de nós.
Hoje em dia, diante tantas bocas falantes, aquelas que falam pelos cotovelos e nem elas mesmas conseguem sequer ouvir o que falam, saber escutar é mesmo um atitude de alto luxo.
A escuta consciente é passiva, calma, generosa. Ela não carrega o peso da ansiedade em querer interromper o outro que fala. Não julga, não condena. Ela não precisa hospedar - se em orelhas plásticas! .
Aprender a escutar aguça o tímpano, lapida o trato auditivo e a sensibilidade do corpo.
A música, música de verdade, (não barulho), vem nos provar isso. E mais uma vez, ela nos salva desse mundo turbulento e ofensivo.
A música educa o processo da escuta. Ela nos salva de nós mesmos, quando nossos pensamentos caóticos e desconexos insistem em gritar desafinados, bater lata dentro de nós e nos ouvidos alheios, provocando ruídos ensurdecedores na mente.
Escutar música, clássica, orquestrada, melodias em letras que edificam, ou simplesmente apreciar os sons articulados dos diversos instrumentos soando, nos traz paz, atenção e equilíbrio.
A escuta do canto dos pássaros, da orquestra magistral da natureza, tão genuina e sublime, purifica nossos ouvidos e vai nos educando lentamente nesse exercicio da sensibilidade humana que estamos deixando perder, gradativamente.
A escuta é uma dádiva que musicaliza o pensamento. Afina os sentidos.
Faz bailar a alma e sincroniza a audição com o coração.
Publicado em meu Site Literário
www.valleriagurgel.com
@valeriacristinagurgel